Cru
Quisera ter dito que não, quando perguntado se queria seguir sozinho.
Quisera não ter recuado.
Quisera ter tido domínio.
Quisera ser menos esquisito, menos volúvel e disposto a me encaixar.
Menos um pouco talvez que tudo que propus,
menos descartado, menos resguardado e mais atrevido ao fingir meus sorrisos.
Quisera não ter omitido, beijos e abraços fingidos.
Quisera ser menos moldado e molestado pela ignorância agressora.
Quisera não ter de me explicar pra meia duzia de imbecis, quisera não estar tão à frente,
nem tampouco atrás, quisera sentir com mais intensidade o dedo na ferida.
Quisera não ser tão desajustado e menos ainda uma parte envolta dos padrões.
Quisera ser aceito com meus erros.
Não ser idiotizado pela maioria hipócrita/impostora.
Quisera passar por cima disso.
Quisera ser mais e além do óbvio,
indisponível a responder o que o silêncio responde.
Quisera ser surdo ao ouvir verdades obsoletas, e não responder defensivamente ao conveniente.
Quisera ser menos obscuro visto dos grandes olhos alheios, sequer iluminado pelos predicados ambíguos aos sujeitos.
Quisera que meus erros sejam aceitos, pelos erros dos errados.
Quisera ser menos abusado quando se trata de poder.
Quisera que todos os pecadores sejam mais equivocados.
Quisera ser esquecido.
Quisera ser deixado de lado.
Quisera ser menos de tudo,
quisera ser sozinho,
a bem ou mal acompanhado.