Jantar a Dois
Os dois estão sentados
Numa mesa discreta do restaurante.
Parecem nervosos. Ela ensaia
Chorar, mas se posta como estátua.
Artérias pulsam freneticamente.
Ele permanece mudo,
Suando frio, planejando como dizer.
Uma bigorna amarrada ao pescoço.
Um homem e uma mulher
Que se acharam no carnaval.
Uma conversa onde palavras
São rasas demais.
O corpo fala, tremula, gagueja.
(O garçom interrompe a cena
para servir a água mineral.)
Os dois se perdem frente às faces,
De tanto sentimento que nutrem.
Dos olhos saem hologramas
E as visões se esbarram.
Ela pede que ele se abra,
Ele se vê sem saída e desabafa:
- Eu estou grávido... E o filho é teu!