Pureza
Nasci no mato e vi gente virar bicho. Alguns, de tanta poesia, rastejaram rente às nuvens e viraram borboletas. Aquele em que a poesia explodiu o peito tornou-se borboleta-amarela. Morreu sozinho no mato por ouvir sentimentalidades. Enlouqueceu de tanta pureza.
Tinham outros, desafetados, que apenas respiravam. Não produziam vida e nem eram produzidos. Nasciam gentes, viravam amebas e morriam lesmas. Não rastejavam.
Com isso, construí uma casa na árvore e colecionei um manancial de bichos. Fiquei sabido em borboletas.