POUSO
(Sócrates Di Lima)
Quero pousar o meu olhar,
Nos olhos que os meus pensamentos veem,
Quero meu sorriso deitar,
Ao longe, no seu sorriso também.
Quero ouvir o teu falar,
Como ouço a brisa do mar,
quero sentir o seu roçar,
Como o sereno, no meu corpo silenciar.
Quero sentir o frescor do desejo que me devaneia,
No aconchego da pele que o meu corpo tem,
Como o acarinhar do mar sobre a areia
Quando ao entardecer, abraça-la vem.
E ao cair da tarde,
No colo da noite que me abraça,
Quero o toque do abraço da saudade,
De algo novo que agora me caça.
Como a chuva que pousa sobre as flores,
Quero sentir teu corpo se deitando sobre o meu,
E no meu peito pousar tua pele em odores,
Fragrâncias de sonhos nos sonhos que, ainda, é só teu.
Se eu não te vejo,
No principiar dos dias que me sucedem,
Fecho os olhos e em lampejo,
Sinto as tuas querências que de ti transcendem.
Vem....pousa em minha alma como a noite ao alvorecer,
Na firmeza sonora dos sinos da capela de fim de tarde,
Como passarinho nos meus galhos venha adormecer,
E nos teus braços pousar, o abraço das minhas vontades.