Da Enchente

O nosso rio, de água tão transparente

de repente, está turvo feito lama;

a alma não vê...o coração reclama...

e poças se formam nas valas da mente.

O silêncio, escorrendo pela cama,

flui com olhos de venenosa serpente;

enchendo buracos no sono ausente...

ferindo a noite com sua escama.

Porém o amor, continua fluente

e a saudade não apaga a chama;

o que não cabe, um novo rio derrama

nas margens dos olhos...na água que sente...

na tristeza que, feito uma enchente,

transborda toda dor desse rio que ama.

04-06-2014

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 05/06/2014
Reeditado em 11/12/2015
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