O MEDO DO ESCURO

Sinto o corpo

Embriagado

Pareço ter sido

tocado

Por outra alma

Que não a minha

Tenho um papel

Em branco

Caneta sem tinta

Na extremidade

dolorida

Rabisquei a mesa

Pra ter certeza

De que não vá voar

Quando você sentar

Estará sozinha

Leia devagar

São entrelinhas

Tatuadas

No mesmo lugar

Onde d’outra vez

Abraçou

Meu mundo

Aquilo foi

Tão profundo

Que voltei

Ao abismo

E fiquei por lá

Ouvindo

Quem passa pela ponte

Mentindo

Não ter medo da altura.