Fumaça

Assim enquanto o sol dança no céu

O filete da fumaça vai seguindo seu ritmo

A boca que sopra não sabe mais o que dizer

As palavras dessa boca, insistem em morrer

Em volta, o nada que acomoda a fumaça

Os sons são complementos, da invisível desgraça

Os pesos estão mortos e pesam muito mais

A cada trago no cigarro, um segundo de paz

Pena que devolver a fumaça é preciso

Pena que a fumaça é o que ainda me deixa vivo

Quando nem em mim acredito, e isso sempre repito

Faço desses segundos de convencimento

Um discurso complexo, sem nenhum entendimento

Juro que estou me preparando, sem querer vou me segurando

Um dia, um diz, não vou aguentar, e serei feliz

Um dia, o ultimo dia, vai ser a festa da revelia

Alegria de sair, entusiasmado, quebrar a corrente

Foda-se o legado, somos todos doentes,

Vivos-mortos, cada um com seu remédio controlado...