Duas aves marinhas

Eu tento que a minha poesia

Seja um beijo

Que tem asas

Que atravesse mares

Que faça de repente

Um pouso sobre as águas

E que não precise nunca

Ser estudada

Porque deve ser clara

Direta

Deve ser como uma jangadinha

Passando lenta

Sob uma ponte em qualquer rio de minha terra

Que ao amanhecer

A jangada livre

Esteja encostada a um tronco

E sobre a sua vela inclinada

Duas aves marinhas

Troquem arrulhos de amor