O gato
Bom se a poesia não revelasse
Se em algumas palavras
Um mundo não traduzisse
E pusesse na nossa mente a certeza
Que algo caiu daquela mesa
Veio um gato de pelo desconfiado
Se esgueirando entre os caídos da toalha
Os olhos vasculhando
A linguinha o bigode limpando
Pisca a risca dos olhos de segredos
Avança para a cadeira lentamente
Passa o corpo em esse nas pernas dela
O miado diz
Não há engano
Era uma vez algo escondido
Que a voz emanando da concha
Agora diz
Fala de um passado
De um caso malogrado
Intermediário
Sob a cicatriz