Vade Retro

Afasta-te, pois não a quero mais!

Longe de mim - traga-me a paz.

A solitude, de ser por estar;

A solidão, de ser só por ficar.

Não, eu não quero sentir o amor,

a dor, a cor, o amargo do rancor.

Não, não quero ter borboletas

borboletando em meu estômago;

Nem qualquer outro sentimento

fervilhando em meu âmago.

Muito menos idealizar a lua dourada,

que uma vez ou outra, acaba sempre, morrendo pálida.

Afasta-te, pois não preciso mais!

A experiência mostrou-me como é que se faz.

Antes que o platônico nos consuma e nos tome conta;

é preciso sair de fininho - antes de se desafrontar.

Antes de se deixar levar pela falta de razão,

movido pela ilusão dos sonhos que nunca se realizarão.

Eu não quero cair na tentação,

de ser mais um em sua multidão.

Ser mais do que sou pra ganhar sua atenção.

Eu não preciso de migalhas amanhecidas;

Querida pretendida, não se faça de desentendida.

Pois, eu estou de partida.

Vade Retro, pois rumo ao incerto!

Mais uma vez, acolher-me em minha escuridão.

Meu negro coração, que a ti, não mais oferto.

Em meio ao deserto, me introverto e (me liberto?)

Ze Alguém
Enviado por Ze Alguém em 02/06/2014
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