À margem, mensagem
À beira de rio sorrindo, ouvindo
batida de remo espalhando, sangrando
alma que água floresce, e cresce
por nossas avenidas se espalha, sem calha
O beijo da flor que é beleza, baronesa
lambendo a imundície liberta, das testas
que tramam em escuros ou claros, seus ralos
que enchem de cor de sujeira, à beira
À margem da casa de pedra, que medra
em mármores tons de frieza, riqueza
por dentro de portas de zinco, sem trinco
palácio de vermes e esgotos, tão rotos
As vidas construídas em misérias, com ratos
se vão fornecendo em sacrifício, ofício
de gente letrada que espreita, deleita
em votos e acordos políticos, princípios
João Cabralmente falando, tentando
fazer entender que o rio que escolhe, acolhe
que o espaço construído é espelho, conselho
o esgoto é transbordo e imagem, da margem.