MANHÃ CHUVOSA
MANHÃ CHUVOSA
A cidade amanhece sob a chuva,
Carros passam sobre as poças.
Na cama deixo minha alma solta,
Viajo com o corisco rasgando o ar.
Minha alma é negra como o céu,
Mesmo tendo o brilho na face.
Como explicar o inexplicável,
Que me invade o coração e faz doer,
Demônios e anjos num só coração,
Dia negro sem sol no país tropical.
O que vem da alma são sangue e medo
E vai para o corpo é o veneno da perda.
Como falar da lágrima de amor evaporada
Do sorriso que surge no meio da dor?
Agora vendo a chuva da sacada solitária,
Imagino um mergulho na solidão,
Onde meus monstros ficaram para trás,
A bala mortal será meu corpo,
Nesta manhã escura e fria tudo será curado,
Os lobos viraram homens belos,
Os vampiros se redimirão a Deus,
Os anjos dos céus abraçarão os caídos,
Deus sorrira para a sua criação largada
E lá no concreto estará a mancha,
De carne, ossos, lama e chuva...
A alma estará então completamente perdida.
André Zanarella 25-05-2014