BODAS DE CERA

você não me solta

nem desfaz sua teia

permanece tétrica e muda

suas quelíceras em minha veia

me ganhaste na rifa

me compraste na banca

eu, o teu objeto obsoleto,

o mesmo com que brincas e trancas

você me sufoca

não de amor mas de conflito

grandes olhos me perscrutam

como se no meu peito escrito

estivesse meu código

o meu segredo tatuado

eu, o teu mapa inexplorado,

aquele que amarrotas com tanto zelo

e enfado!