Olho aqueles rostos de crianças
com jeito de adultas.
Roubam e assaltam para comer
e para sonhar.
Comem o pão e fumam o sonho.
No hábito das ruas, perdem
a fome do pão.
A droga faz aumentar
a fome e sede do sonho.
Sonho de dormirem, em
camas com lençóis limpos.
Comida na mesa, sorrisos e
carinhos dos pais que os abandonaram.
Cria-se uma nova sociedade,
uma nova cultura.
Crescem as crianças,
fartamente alimentadas
e as crianças famintas.
Adultas,
as crianças alimentadas
sentirão fome e sede,
da paz de espírito.
As crianças que cresceram
famintas e sedentas,
saciarão suas carências,
roubando a vida, daqueles
que tiveram melhor
infância que elas tiveram.
As crianças são formadas,
para um futuro inimigo.
Lutarão com as armas da
desigualdade.
E morrerão sem ter provado
o pão do espírito.