O GOSTO AMARGO QUE FICA
Cada uma das taças
Vazias
Serviram desculpas
Na tarde escurecida
E fria
Ante uma chuva
Que lá fora refletia
Em seus óculos
que deixou
Lenços manchados
por beijos dados
como sangue
derramado
dos beijos
queria ter dado
mas não pôde
vai ao encontro
dos lados estéreis
quem será que
de certo
poderia buscar
essa falta
que esvazia as taças
mas não esvazia
o nada transparecido
refletido
nas lentes úmidas
do olhar de esguio
cada falsa testemunha
sobre a mesa
pode estar
este vaso de flor
tão lindo
se quer tem ao menos
algum sentido
pássaros feridos
cortam suas asas
nunca mais
abram voos ao
céu preferido
tão querido momento
de liberdade
agora fingido
tá ok
tudo bem
saímos de mãos dadas
partimos pela estrada
quando chegarmos
em casa
continuaremos dormindo.