Prece de um agnóstico
Minha última prece foi
um clamor de calos
uma súplica de sustos
um tratado de traumas
um rogo de rancores
uma fala de feridas
uma manifestação de mártires
que se uniram em coro à minha boca
e cada poro da minha pele virou pergaminho de vozes
Minha última prece
intimou Deus, deuses, espíritos, entidades, santos e seres
mentalizou metafísicas, meditações e mundos paralelos
pleiteou prazos expirados
advogou pelos que vagueiam vagos
berrando blasfêmias pelas imerecidas penas
Minha última prece
abriu autos
lembrando ladainhas
joelhos dobrados
palmas coladas
pálpebras contraídas
murmúrios suplicantes
Mas nenhum anjo teve pena
nenhum espírito soprou
nenhum ente se fez presente
Então
Minha última prece
virou uma voz eterna
lançada no infinito
o último pio grito que dei
Agnus Dei,
agora virei
agnóstico.
um clamor de calos
uma súplica de sustos
um tratado de traumas
um rogo de rancores
uma fala de feridas
uma manifestação de mártires
que se uniram em coro à minha boca
e cada poro da minha pele virou pergaminho de vozes
Minha última prece
intimou Deus, deuses, espíritos, entidades, santos e seres
mentalizou metafísicas, meditações e mundos paralelos
pleiteou prazos expirados
advogou pelos que vagueiam vagos
berrando blasfêmias pelas imerecidas penas
Minha última prece
abriu autos
lembrando ladainhas
joelhos dobrados
palmas coladas
pálpebras contraídas
murmúrios suplicantes
Mas nenhum anjo teve pena
nenhum espírito soprou
nenhum ente se fez presente
Então
Minha última prece
virou uma voz eterna
lançada no infinito
o último pio grito que dei
Agnus Dei,
agora virei
agnóstico.
Créditos da foto: Michelangelo Buonarroti - giz - 269 x 168 cm - 1534 - (Casa Buonarroti (Florence, Italy))