MORRER DE INVEJA
Essa luz que some e se embaça,
é o fim qualquer de mais um dia...
Tela fina, que só de ser olhada se esgaça,
e que, se fosse tocada, se desfaria…
Inveja, sim, desse tempo diminuindo,
sempre encurtando-se,
reduzindo-se, afastando-se, indo,
como se longe não fosse bastante ,
e desse horizonte restante,
de Poeta, sempre pretendido além do que está,
parecendo já ali, quando é muito mais lá,
cheio de paradoxos, realidades,
impossibilidades,
e perigosos bichos – temores ,
incontornáveis razões
- e finalmente aquelas dores
que, como se sabe bem,
um Poeta sempre tem .
Traz consigo aquela doçura especial,
talvez carícia meio secreta.
com a qual desafia a vida , dia após dia,
tem com ele o que dele faz Poeta
e a saudade, a tal,
que torna tudo o resto em Poesia.