AGUARELA

Se tivesse de pintar em cores

essa vida de que não falamos nunca,

escolheria um tom bem escuro

para as zangas e as frustrações.

E haveria talvez outro,

pesado de esperança, carente,

um verde-floresta, abrindo-se

a flores de outras cores.

E amarelos e laranjas de sol,

espaçados em acasos,

com azuis puros de céu

entre nuvens intermitentes

e caprichosas.

E um branco

alvar como a alma,

onde o destino escrevesse

pela mão de alguém,

num desparrame de carinho,

palavras únicas

para toda a eternidade

dos instantes.

Henrique Mendes
Enviado por Henrique Mendes em 29/05/2014
Código do texto: T4824467
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