requiem
RÉQUIEM
É tudo mentira.
Tu não verás
a lua apodrecer
entre os edifícios
nem o turvo rio
perder o pulso.
Não verás cortarem
a luz do quarteirão
nem tampouco tombar
a árvore na tempestade.
É tudo mentira.
O sol da mais longa noite
voltará a coroar teu céu.
Terás ainda de sobrevoar
o fogo do asfalto
cuidando para não queimar
teus jovens pés descalços.
E um vento lento
cego
bom
sem sobrenome
arrepiará
o espaço justo
infinito
sob tua saia.
Nele
partirás a galope.