requiem

RÉQUIEM

É tudo mentira.

Tu não verás

a lua apodrecer

entre os edifícios

nem o turvo rio

perder o pulso.

Não verás cortarem

a luz do quarteirão

nem tampouco tombar

a árvore na tempestade.

É tudo mentira.

O sol da mais longa noite

voltará a coroar teu céu.

Terás ainda de sobrevoar

o fogo do asfalto

cuidando para não queimar

teus jovens pés descalços.

E um vento lento

cego

bom

sem sobrenome

arrepiará

o espaço justo

infinito

sob tua saia.

Nele

partirás a galope.

Ruy Proença
Enviado por Andrade de Campos em 29/05/2014
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