OS MENINOS DA RUA CHILE
Botões na mesa da sorte
Batem na trave da vida,
Rompem a rede da morte.
Peões rodopiam no barbante,
Abrem orifício na pedra,
Doura o sol no horizonte.
Dois vira-latas disputam um osso.
O rio corre entre pedras,
Cobre um homem até o pescoço.
Salta uma rã no lajedo,
Bailam peixes no fundo d’água,
Muge o boi no brejo,
Mija o garanhão cheirando a égua no cio.
Buritizais e coqueiros se entrelaçam,
Na mudez dos morros sopra o vento frio,
Cantigas de lavadeiras ecoam na gruta,
Tetas tremulam ao sol, mulheres em labuta.
Um moleque na pelada passa a mão na pinta
Outro, pelo inseto picado,
Passa a mão na picadura.
Sol a pino na quinta,
A natureza se mistura em prazer e beleza
No rio escorrem espumas em desfile
Onde se banham
Os meninos da Rua Chile.