OS MENINOS DA RUA CHILE

Botões na mesa da sorte

Batem na trave da vida,

Rompem a rede da morte.

Peões rodopiam no barbante,

Abrem orifício na pedra,

Doura o sol no horizonte.

Dois vira-latas disputam um osso.

O rio corre entre pedras,

Cobre um homem até o pescoço.

Salta uma rã no lajedo,

Bailam peixes no fundo d’água,

Muge o boi no brejo,

Mija o garanhão cheirando a égua no cio.

Buritizais e coqueiros se entrelaçam,

Na mudez dos morros sopra o vento frio,

Cantigas de lavadeiras ecoam na gruta,

Tetas tremulam ao sol, mulheres em labuta.

Um moleque na pelada passa a mão na pinta

Outro, pelo inseto picado,

Passa a mão na picadura.

Sol a pino na quinta,

A natureza se mistura em prazer e beleza

No rio escorrem espumas em desfile

Onde se banham

Os meninos da Rua Chile.

Kaiomonteverde
Enviado por Kaiomonteverde em 28/05/2014
Reeditado em 28/05/2014
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