Sinto falta do que possa sentir falta
E tudo isto é tudo o que me falta.
A idéia de completude é um tédio,
Amargo remédio para angústias incuráveis.
Qualquer tristeza é pouca para me prostrar,
O assédio de algum desespero não me convence
E não vence facilmente minha obstinada teimosia,
A alegoria de meus sonhos são monstros indomáveis,
Meus voos insanos me levam ao fim de tudo o que principia
E esse grito na escuridão é desses medos incontroláveis.
Eu sei que não sei de todo o absurdo silêncio que há de haver
Só do silêncio, talvez, que na poesia tudo há de ter e fazer.
Mas há, lá no fundo, ou talvez distante, certamente há
Silêncios, desertos e abismos, infernos, esses ermos,
A angústia tão certa de não termos meio-termo,
De não termos limite nem razão, só essa comoção,
Emoção miserável que nos leva às alturas de tantos sonhos,
Ou de tanta ilusão que nunca nos arrancará do chão.
 
O chão...
O chão onde meus pés estão e não sabem,
O chão de ser onde os pensamentos não cabem,
O chão que é um não de portas que não se abrem,
Chão de solidão, silêncio e escuridão que me invadem,
A falta de querer que os meus dias acabem.
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 27/05/2014
Reeditado em 13/01/2021
Código do texto: T4822225
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