Sobre a saudade
Eu não nego que a saudade se gaste
E que feita bandeira empoleirada no interminável
Se entregue aos dias de meia haste
O que eu nego é que da esperança ela se afaste
E que como corpo de cor mutável
Um dia se atreva a dizer que já sofreu o que baste
Essa não é saudade
Tão pouco lhe conhece os ingredientes
Pode até ter-se prestado ao toque deste dogmático estado
Mas por desconhecer o desalinho da atracão de duas metades
E o calor esperado no abraço de dois entes
Eu nego de bom grado.