DIAS MAUS
Há dias maus !
Às vezes, todos os olhos que existem no meu espelho,
não me olham docemente, como de costume.
Nem se agitam em murmúrios por detrás
de neblinas etéreas, ou das luzes quentes
duma outra margem, acompanhando
os movimentos acariciantes das mãos.
Às vezes todos eles se focam nessa lâmina
na minha mão, nos gestos precisos de barbear-me,
e o som que ela faz é tão alto, tão áspero,
que o dia começa mal.
Como um instrumento que cai
do seu estojo de veludo,
e precisa ser reposto no lugar.
Com cuidados extremos !