Madeiras cruzadas
''Sou eu a minha própria morte
quando não sei o que sinto
ou sinto algo tão fundo que omito
e faço de minha alegrias rasas, um mito.
Sou eu cada grão de areia da trilha
que até o fim me guia.
Cada pedra que no caminho alguém tropeça.
Sou eu quem está presente no obstáculo de desarmonia.
Quem caminha sozinho descalço
e acaba sendo o único alvo.
Quem já não sabe mais a sensação de um abraço
Sou eu, quem já não vive de tão fraco.
Aquele ser sem amigos ou família
que já perdeu toda aquela euforia
de viver como uma criança em torno de fantasia
e que faz do próprio sopro uma ventania.
Sou eu a cruz em que me condenam.
Sou eu também aquele que julga e aponta.
Quem também carrega a cruz e é castigado pelos que não pensam.
Sou eu o peso dos ombros que carregam madeiras cruzadas.
O pensamento levado embora pelo vento,
A chama do fogo que queima o amor lento,
Os olhos que a caminho do fim da vida vão lendo,
pedaços da bíblia, sou eu, eu o detento.
Sou eu o fim da vida e metade do inteiro.
Sou eu quem pediu pra nascer primeiro
e agora no inicio do tempo quer correr contra o tempo
para ver se o poema da vida fica mais intenso.
Sou eu a maior dor do coração.
As palavras doídas de uma oração.
Eu sou o mais doído beliscão,
a mente perdida de um ladrão.
Sou eu a minha própria morte
quando esqueço de renascer com o dia
de agradecer e perdoar todas minhas companhias.
Quando perco a razão e sigo um caminho sem trilha.''