LAMPARINAS
No tempo das lamparinas existia mais poesia
O céu falava, o vento emocionava e o frescor da noite hipnotizava
As vozes das mulheres sorriam num linguajar cantarolado na casa de meus pais...
Naquele tempo o tempero da vida era simples, bem simples, era puro
A pouca luz tinha hora de acabar...
No tempo das lamparinas a iluminação vinha do cheiro de mato, de terra, de mãe, do lar
As lamparinas alumiavam o meu ser, não ser...
Apostavam em mim e confidenciavam da vida, do caminhar
Naquele tempo elas sabiam que um dia ficariam velhas, sem utilidade
No tempo das lamparinas a mesa enchia de crianças, de irmãos, de mim...
Era um tempo que não passava, não voava
No tempo das lamparinas...