PORRE DE LETRAS


Foi quando eu vim
Da roça pra cidade
Nos meus vinte anos d'idade
Mais por curiosidade
Que por necessidade

Pois é! Num bar da praça da Sé
Enquanto tomava um café
Sem querer conheci Clara
Que olhando na minha cara
Disse: cara, tu tem cara
De poeta

Eta, que nesse dia
Tomei um porre
E se a mesma Clara
Não me socorre
Este poema
Seria escrito do xilindró
Porque meu nêgo, ó:
Se mexem no meu ego
Não nego
Fico atarantado, encho a cara
Careço de alguém “cabeça”
Que impeça minhas cabeçadas...

Acabei em seus braços
E hoje, faço versos só pra ela!
E lá de vez em quando
Um gole
Um só!
E só com ela!


S. Paulo, 1998

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