VIVENDO

Os carros no passeio

Vão indo

Eu preciso ir a pé

Me faz sentido

Sob a lua clara

Poças na rua

Vitrais de estrelas

De tarde

Mais tarde

Vou chegar

No mesmo lugar

Da pressa que passa

Vou debruçar no bar

Deixar o suor

Meu cartão de visitas

Homem do

Horizonte vago

Me dê um trago

Não muito forte

É devagar

Que anoitece

Beberei a noite

A madrugada também

O que vem delas

Na dança

Desprevenida

Calor atropela

Aquilo que não é vida

Dorme p’ra depois

Viver nas máscaras

Ensaiadas

Das telas mímicas.