NO PAÍS DO FUTURO* - A Zemary
NO INÍCIO DA MADRUGADA DE 25 DE MAIO DE 2014
Poema escrito em 1983.
Repartir esta morte
sancionada por decreto.
Presenciar este saque
ao futuro.
Hastear todos os dias
esta esperança a meio-pau.
Sangrar cotidianamente
pelo País do Futuro.
No País do Futuro
erguer as mãos
até derreter os dedos.
No País do Futuro
comer os ratos
até resgatar os ossos.
No País do Futuro
sorver o asco
até resgatar o Dia
de redimir nossos mortos.
E enquanto as árvores sangram
e nós secamos
reconstruir cada dia
a floresta inverossímil da esperança.
Do livro POEMAS DE AZUL E PEDRA, Editora Mirante, 1984. (Com algumas pequenas modificações).
* Nota em 25 de maio de 2014. Terrível constatar que, use a camisa que usar, azul ou vermelha, o país nunca supera realmente as suas misérias já existentes e aprofunda muitíssimo outras.
Abraço grande, amiga.
REPUBLICAÇÃO.