OCASO À ESPERA DE AURORA

Segue ele rumo ao sonhado encontro diário.

Ensandece na passagem e ofusca no ocaso de mais um dia.

Tenta entregar, à musa, o carmim de seu momento,

Enfeitado pelo pó dourado de profunda fonte.

Arruma-se com variadas vestes de belos tons

Quem sabe, adivinhando um eclipse inesperado,

Conjunção em Lua Nova, que o cubra por instantes.

Vã espera, parte, estrela maior, sob olhares entre matas e cortinas,

Que, encantados com o rubor sentimental, na cegueira momentânea,

Perscrutam, em eterna vigília do inusitado encontro.

Ausenta-se ele, ainda que rei, em crepuscular movimento

E, suavemente, parte em retirada com pressa peculiar,

Em direção ao breu da noite, trevas em que ele não pode brilhar.

Entende que jamais a encontrará, musa do impossível sonho.

Ela, dissimulada em rico e claro brilho, desperta outros amantes

E surge para mais uma noite de ronda entre estrelas.

Amanhã, quem sabe...

Dalva Molina Mansano

00:23

24.05.2014

Foto de Mirian Costa Vajani

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 24/05/2014
Reeditado em 14/06/2014
Código do texto: T4818621
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