Da Livre Escrava
Esse lindo e grave tom da sua voz
desagravou o silêncio que já pesava
pois mesmo não ouvindo, ele sempre grava
com uma surda carga, deveras atroz.
Acredito na fala como numa brava
que mata a distância...rompe os seus nós...
que faz dos medos contra, as entregas prós...
que dá cumplicidade a quem não falava.
E, agora, quando não estamos mais sós...
quando está falando o que não estava
(porque o dedo do som desarmou a trava
e o verbo sonoro caiu sobre nós)
que caia sempre toda mordaça algoz
da palavra que é nossa livre escrava!
23-05-2014