Da Livre Escrava

Esse lindo e grave tom da sua voz

desagravou o silêncio que já pesava

pois mesmo não ouvindo, ele sempre grava

com uma surda carga, deveras atroz.

Acredito na fala como numa brava

que mata a distância...rompe os seus nós...

que faz dos medos contra, as entregas prós...

que dá cumplicidade a quem não falava.

E, agora, quando não estamos mais sós...

quando está falando o que não estava

(porque o dedo do som desarmou a trava

e o verbo sonoro caiu sobre nós)

que caia sempre toda mordaça algoz

da palavra que é nossa livre escrava!

23-05-2014

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 24/05/2014
Reeditado em 11/12/2015
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