MELANCOLIA

Num corpo são uma alma de dores e feridas;

É Saturno amargurando a razão Grega,

Com a maldição mortal da bílis negra;

Uma ilusão vilã a inventar um vale sem saída.

Um luto sem razão e sem morte.

Um estranho torpor e apatia.

Uma onda crescente de nostalgia,

Um caminho escuro e sem norte.

Uma noite fria e escura em pleno dia.

Um derrotar-se mudo antes da luta.

Um prostrar-se nu na solidão da gruta;

A espera de devorar-se na própria agonia.

E mata-se o último desejo por inanição;

Na fome de brilho, sonho e esperança,

E apaga-se o derradeiro riso de criança,

Sob os escombros de uma vida sem emoção.