Espinho N´alma
1. Luta-se para de fato
Não acreditar naquilo
Que na verdade
Sempre existiu.
Desistir é um fardo
Amargo que
Decepa qualquer
Vontade de
Continuar.
2. A violência foi
Penetrada na
Carne pouca
Minguada,
Tão desprovida
De emoção
Aquele rélis coração.
3. O tempo urge
Os ancestrais partem
Os herdeiros
Fincam pé e vivem
O pouco ou muito
Que restou de
Experiências que
Em momentos ávidos
Torturam o esqueleto.
4. A sabedoria é forte e
Indica-nos por onde
Pode-se
Peregrinar.
Certezas constroem e
Fantasias novas
Surgem ao longo
Deste deambular
Tão inerte, pois
Ainda não se sabe
De fato qual é o:
Caminho.
5. O rombo cresce
A nova geração
Acontece e o resto...
Continua na mesmice
Do querer ser
E não ter condições
De mudar o rumo
Desta, daquela
Má história
Vivida a ferro e fogo
Nas senzalas
Silenciosas
Do pelejar.
6. Vazios e nada mais
Torturas da alma
Num corpo infantil
Fragilizado por tudo
Aquilo que
Não foi sentido
Pressentido
Por quem deveria
Ter te amado e
Não... Maltratado.
7. As sementes foram
Semeadas
Colheitas ceifadas
Mas os frutos se
Perderam
Porque faltou
Beijos, tempo
Ternuras
Carinhos e
Afagos.
8. O velho embruteceu
E vive hoje a mercê
Do querer ser novo
Diferente,
Mas o espinho espeta
Dilacera
O âmago da
Existência.
9. O novo padece
Carece
De ser regado
Legado
De sabores
De prazeres que outrora
Foi negado
Desejado
Mas não concretizado.
Vivem sem entender
O por quê.
10. Incertezas, convicções
Certezas
Mesclam-se com
Um desejo enorme
De acreditar
E testemunhar
Que tudo foi,
E está errado.
Não deveria de fato
Ter existido este
Mau espírito.
11. Bem vindo seja
Bendito seja
Esperança que ainda fumega
Libertas
Aquele corpo que
Padece
Prospera no cultivar
De um dia que passou e
No amanhã que se espera
Que virá.
12. Enquanto isso não chega,
Andará como quem jamais
Pisou neste terreno tão minado
Desejando não espetar
A si mesmo
Na busca enlouquecida
Da outra metade que
Ficou no atrás.