No final da tarde
No final da tarde os anjos se sentam na varanda
trazem xícaras celestiais
cânfora e um dedo de prosa para minhas dores
afagam meu cansaço de homem comum
alma frágil
fazem de estrelas vespertinas as lágrimas profundas
para meus medos
oferecem suas asas abertas
expõem todos os selos das promessas divinas
prometem ranger de dentes aos inimigos
exóticas flores acalmando os corações inseguros
luz que atravessa séculos
e quando partem
no final da tarde eu me percebo sozinho
sem sonhos e máculas
pássaro solitário
devorando a placidez dos olhos do infinito.
Rogério Germani