O homem que não quis ser rei
Quando andei no paraíso...
O endereço da casa, era do meu amigo.
Além da vista mansa,
Da beleza inigualavelmente criança.
Das lendas nativas, da energia do rio,
A realidade por si falava,
Ouvi das falácias a façanha do senhor Miguel,
Que com seu corcel socorria os enfermos naquele interior.
Na veia da idade,
Acadêmico da cidade,
Pensando na política de Marx e na economia de Smith...
Assentou-se ao meu lado aquele Senhor cabeça branca,
Dizendo realidade.
De uma sensatez na palavra...
Que o tom harmônico,
Rabiscava na alma a essência iluminada da responsabilidade humana.
Em meio à história do lugar,
Como poderia ser de imaginar...
Um herói para nunca se negar.
Humilde rei, que não aceitou a coroa,
Por entender, faltar-lhe o estudo para governar.
Não era doutor, nem Capitão,
Mas como cidadão,
Aquele comerciante,
Tinha o cuidado.
Pai amoroso,
Ostentava a Ordem e o Progresso,
Sempre apelando ao bom senso,
Dos senhores capitais.
Vindo de outro interior,
Foi letrado na visão e no amor.
Amava tanto o povo,
Que dos prazeres se divorciou.
Conheceu Maria,
Construiu o alicerce,
Fez a casa nas pedras e depois se casou.
Teve seis filhos e mais o que ele acomodou.
Já como avô,
Fez crescer muitos netos,
Muitos amigos e desconhecidos.
Dançava o Xote como professor,
Olhos calmos, sorriso brando e
Alegria comedida.
Sempre de frente, na vanguarda da graça a debater,
Com quem quer que fosse.
Viu da vila, do rio Urumajó crescer a cidade de Augusto Correa,
Descansando hoje na terra o corpo, que ao pó voltou.
Em linhas da labuta do cotidiano, como legado de construtor,
Deixa aos seus descendentes,mais do que a saudade,
Como prioridade, a luta, a paz e o amor.