VIAJANTE DA SECA

Ele foi pela estrada

comendo poeira

com novas feridas

da velha canseira.

Com os olhos nas nuvens

via apenas um corvo.

Pelo retrovisor do destino

via seca castigando o seu povo.

Seguia adiante com a língua sem água,

e mais adiante,

somente o seu eco

num poço cheio de nada.

Ah! Resta-lhe voltar?

???? Pra onde????

De resto em resto

há sempre uma distância.

Dentro de uma distância

não há resto insignificante.

E no destino de cada passo

de todo nordestino viajante,

a esperança da chuva cair

é o que lhe resta de mais importante.

RUBENS MONTEIRO DE LIMA
Enviado por RUBENS MONTEIRO DE LIMA em 19/05/2014
Código do texto: T4811790
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