VIAJANTE DA SECA
Ele foi pela estrada
comendo poeira
com novas feridas
da velha canseira.
Com os olhos nas nuvens
via apenas um corvo.
Pelo retrovisor do destino
via seca castigando o seu povo.
Seguia adiante com a língua sem água,
e mais adiante,
somente o seu eco
num poço cheio de nada.
Ah! Resta-lhe voltar?
???? Pra onde????
De resto em resto
há sempre uma distância.
Dentro de uma distância
não há resto insignificante.
E no destino de cada passo
de todo nordestino viajante,
a esperança da chuva cair
é o que lhe resta de mais importante.