[Das Cores da Vida]

Naquela venda de paredes azuladas,

depois de um longo dia branco,

e já no estertor da tarde vermelha,

alguns homens de vida cinzenta

sentam-se a uma mesa de forro verde,

sustentada por grossos pés marrons.

E neste instante, o dono da venda

solta um grito de ódio vermelho

para enxotar o cão preto que lambia

as cusparadas no cimento ocre.

Jogam-se ali as cartas

do jogo do tempo amarelo,

o inexorável tempo sem nexo da vida sépia,

tempo de línguas de veneno verde

que retalham em tiras vermelhas

o sem nexo das vidas de tristezas de chumbo.

A um canto do balcão,

um menino de olhos castanhos

não sabe ainda que esta cena

em breve será uma foto amarela

gravada em sua memória

para eclodir nos seus dias cinza,

quando os seus cabelos

estarão enluarados de prata...

[Repito o ditado do poeta:

cedo na vida, eu adivinhei o velho em mim]

_____________________

[Desterro, 19 de agosto de 2012]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 18/05/2014
Código do texto: T4810855
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.