aparece na janela
passa o tempo
e eu passo atento,
na noite, no relento
pela sua janela escancarada
na expectativa de te ver
na expectativa de cruzar
seu olhar com o meu
e iluminar o breu
da cidade
com teus faróis castanhos
que me inundam
e me afogam
de euforia
me ilumina e ilumina o mundo
com teus holofotes
traz vida, traz amor
clareia essa selva de concreto
que cheira à morte
que cheira à podridão
da desumanidade humana
aparece na janela escancarada
e rompe o silêncio da madrugada
com um canto seu
com o encanto seu
e para o tempo
e me para no tempo
aniquila os ponteiros
que anunciam as despedidas
às três da manhã, aparece na janela e olha pro meio-fio. vou estar lá.