OS DONS DE LÍDIA


Vagar esquecida prados ou montes,
perder-se entre luminescências, fogos-fátuos,
ignorando a beleza das flores, a magia das cores,
pássaros, sol e céu.

Caminhar sem rumo estradas e cidades,
desconhecendo o ruído de teus passos,
o gênio criativo, a comunicação,
voz, canto e melodia.

Descansar num pomar, sentar-se à mesa farta,
saber de finas iguarias, doces manjares,
sem ter provado o sal da terra, o néctar dos deuses,
perfumes, saciedade e alegria.

Desperdiçar chispas de luz,
mãos sem trabalho constroem castelos na areia;
fios, metais, madeira, argila, pedras
jazem inertes, perde-se o prazer da criação,
textura, brilho e formas.

Lídia, Lídia, a lida apaga a avenida
brilhante, a pulsar em teu coração.