O que é meu

Da vida

Fiz a cena mais bonita.

Do chão duro, do cimento cinza

Andei meus pés apressados

Mexi meu corpo animado

E sim

Quedei-me, triste, em pedaços

E como eu amo esse meu chão cinza

Palco sagrado

De cada pedra,

Imortalizei minha emoção.

Do tempo

Fiz o senhor da tragédia

Ri o instante pífio de comédia

Bem mais chorei os séculos de miséria

Mas fiz do tempo o meu tempo

Meu ato

E meu tempo me diz quem eu sou

Dele, sou protagonista.

Do destino

Li minha sorte de arrodeio

Mas errei, mudei o texto inteiro

Parei, rasurei

Corrigi o roteiro.

Em cada tropeço a esperança de um novo verso

Inacabado verso da incerteza eterna

Minha poesia.

E como se faltasse a moldura,

Da música

Cantei minha garganta paralisada de medo

Ouvi a calma acalentar meu pesadelo

Esqueci de mim

Ao som da trilha que embalava meu sonho

Você.

E de você...

De você eu fiz minha vontade

Colori minha realidade

E à procura da inefável verdade

Com você dividi meu palco,

meu ato, meu texto,

e a emoção da música

Fiz de você personagem principal

Meu amor, meu par.

E agora, aqui, firme

No ar, a canção de fundo

Contemplo a nova linha sua

Minha

Maravilhado, sou platéia.