POESIA (*)

É um grito de dor

depois do orgasmo.

É um bêbado no chão

rústico.

É o cabo de uma faca

em ancas ou mãos.

É ir ao banheiro

e fazer alguma coisa.

É tirar a roupa

e se achar.

É chorar sendo homem

e ser homem sem chorar.

É pedir um pão

e não poder pagar.

É ser preso

e aceitar os fatos.

É cair

e dizer um nome obsceno.

É cuspir no tapete

e olhar a mancha.

É deitar-se no esterco

e sonhar com um palácio.

É não ter o que comer

e morrer de fome.

É não ter o que escrever

e fazer poesia (*).