ALMA LAVADA
Quero lavar a alma
Para que fique alva
igual o sol
ao cantar do passarinho.
Quero a alma lavada
Branquinha e pura,
Sem nódoa, sem marcas
esfregá-la em águas claras
Assim, como faziam as lavadeiras
da minha terra a cada peça alvejada,
batida, deixada de molho,
Quarada ao sol
Para que o branco brilhe.
Quero a alma lavada
em água corrente,
límpida e transparente,
clara como a verdade,
branca de dar gosto
estendê-la na janela.
Cobrir os parapeitos das sacadas,
honrando os santos que passam.
Quero a alma lavada
leve, esvoaçante
não para satisfazer vil orgulho,
mas para merecer o canto do bem-te-vi.