serpentina

me penso líquida e tento

escorrer pelos desvãos,

mas nem sempre deslizo;

em partes, sinto pedras

dolorosas como guizos.

me penso líquida,

mas no meio do caminho,

caio sonora no chão,

ambígua como a terra:

às vezes aos pedaços,

às vezes colada com água,

às vezes assoprada pro vento.

se eu inda fosse água,

não teria mais medo;

correria em teus espaços,

misturada à água ordinária.

te sentiria serpentina &

levaria o teu fardo.

nem perceberias...