Nos saquearam, Recife!

Tudo é tão triste

saquearam a minha cidade Recife

Levaram as pontes

Poluíram os Rios

Tudo é tão triste

Levaram a poesia de Recife

A Recife de João Cabral já não existe

Bandeira não evocaria

hoje, você Recife...

Recife sem ideais

os versos já não existem mais

porque tudo ficou tão triste

A aurora da minha vida

está toda destruída

não existe mais

O que Carlos Pena Filho

escreveria em seus versos?

Ascenso Ferreira ao lado do Capibaribe

se recusa a ver o seu rosto refletido

no rio poluído...

Onde está você Recife de outrora

Tudo está tão triste sem você agora!

Quebraram tudo...

Tiraram-lhe tudo...

Vazia

Vazia

Nada restou da cidade dos poetas...

Na cidade da poesia

Joaquim Cardoso triste e desgostoso

Do céu mandou avisar...

Que nada mais quer de Recife,

nem homenagem singela

Nem quadro em tinta aquarela

feito por Solano Trindade,

Nada.

Se Manuel Bandeira soubesse

e hoje aqui estivesse

ele não avisaria

logo pra Pasárgada iria

renegaria que aqui viveu...

nesta triste poesia.

Na praça Maciel Pinheiro

a estátua de Clarice está

chorando o dia inteiro.

Recife a deus-dará

Mauro Mota, se estivesse vivo

jamais gostaria de falar

da Rua Estreita do Rosário da Boa Vista.

Nas ruas e nos carnavais

as músicas de Capiba não existiriam mais.

Já dizia Chico Science

"Mulambo eu, mulambo tu, rios pontes e overdrives

Impressionantes esculturas de lama"

São tão tristes os dias de hoje, meu Recife.

Antônio Maria, em seu Frevo N° 1

Não sabia que teria razão nesses versos, então:

"[...]Que adianta se o Recife está longe

E a saudade é tão grande

Que eu até me embaraço[...]"

Saquearam nós, eu e você, meu Recife.

Hoje eu choro, choro de saudade

E estou tão perto de ti...

Com imenso pesar...

venho declarar:

Morreu a poesia do meu Recife!

(FLOR DE LIZ) - 15/05/2014

Liz flor
Enviado por Liz flor em 15/05/2014
Reeditado em 15/05/2014
Código do texto: T4807418
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