ACENO
O horizonte eletrizado entardece. Sob as ondas fagulhas de luz dourada iluminam corais. Rainha das águas, vi as marcas úmidas dos teus pés na areia da praia: mensagem desprendida, bandeira! Alta posta, padrão! A vastidão do oceano tem a maciez dos teus cabelos.
Duas estrelas marinhas cintilam brancas, testemunham a solidão quieta no céu da orla bordado. O mar pergunta distraído, adriático: “que queres tu?”.
Caladas as estrelas, calado o horizonte: mergulha o crepúsculo no verde da esmeralda, na púrpura de tua majestade. O mar, e tudo que se cria, fenece. Eu passo, ergo a bandeira e piso do lado do teu rastro. Assim o faço: soldado sem soldo, poema sem lastro.
Sonho na praia o porvir eletrizado da aurora. Estonteante seja, como em teus olhos inteiro, irradiante meu aceno.