O SARAMPO

Num instante me amou

E me jogou no lixo

O restante de tempo que me deteve

Num determinado momento

Viu-me como homem,

Depois tampou os olhos com receio

Quis ser os meus olhos

E foi,

Só que quando viu me cegou.

Num breve lembrar, pensou em mim.

Só que depois se deixou levar

Por um desses sentimentos que se acha sobre rodas

E assim quis ser os meus dedos

Porém quando sentiu

Teve nojo de tocar seu próprio corpo.

Tomou como sua a minha saliva

Mas não quis sentir

O néctar que coletou na minha língua

Num único dia escreveu para mim,

Rasgou tudo depois

Pois não era capaz de deter coragem.

Quis ter as minhas palavras

E as teve,

Mas não conseguiu dizer nada.

Quis ter o meu corpo

E por muito tempo o teve,

Porém com ele nada fez

Pois a sua amarga alma

Não é capaz de deter a paz

Que o amor necessita para viver.