altar II

no altar da memória

ecoam os passos:

um grito contido

fechado no armário

todos os dias.

nos arredores

não há céu para venerar,

nem terra para se ajoelhar.

a voz é permitida

mas nem sempre ouvida.

nesse meu altar

os gestos sagrados

são profanados;

são desejos e

urros molhados.

pois aqui o desespero

também é chamamento pagão:

escorre abundante

de lágrimas & sangue.