Aranhas e Teias
Luciana Carrero
Aranhas urdideiras
plantam rendas com ciência
fixadas nos oitões
e nos caibros dos porões
Nos ângulos dos pés das mesas
penduram seus guardanapos
que nunca mudam de côr
Tricotam, nas madrugadas
grandes colchas demodèe
em genérico labor
Crochetam sob as caixas
dos telhados das moradas
No vão de velhas escadas
o inseto, que não viu
ficou preso na armadilha
aracnídea ao casario
Voadores descuidados
são presas, ao trafegar
nos frontões ou pelos lados
História é das entrelinhas
versadas corretamente
cinquenta, cem anos depois
de tantos já imolados
O problema do mosquito
é a inconsciência ante as tramas
no meio-ambiente do seu tempo