Bolhas de Sabão
Bolhas de sabão
Ylagam Guidugli
Pela passagem apertada sopro o que me sufoca.
Espreitando temerosa, a bolha antes retida,
Observa amedrontada o mundo do lado de fora
Pela passagem apertada sopro o que me sufoca.
Respiração contida, sob medida.
De cabeça para baixo, deformada, desconjuntada,
Me vejo presa numa bolha de sabão.
Sopro mais, mais e pluft... estouro.
Não sou mais nada que um pingo fingindo lagrima.
Restos de bolhas de sabão.
De novo sopro pela estreita passagem
e lá vem outra e mais outra.
No fim de uma o começo de uma porção.
Vou me formando outra vez.
Indolor, incolor, rolando, rodando
colorida por reflexos complexos, arte do sol.
Vermelho, amarelo, no verde maravilha
descubro um umbigo de espuma, faltando o cordão.
Pluft... mais um estouro de mim dentro da bolha.
Sopro com sofreguidão, contorno, retorno, insisto.
Não paro.
Resisto, persisto, não desisto.
É estranho ser bolha de sabão.
Agora o azul.
Azul do céu, azul do mar, eu sou azul.
Azul inteira, pequena, solta.
Flutuando vôo para além da janela.
Vou viajar numa bolha colorida
por desconhecidos rumos.
Como desconhecido é esse sentimento
que vem crescendo,aqui por dentro,
Parecendo amor, com jeito de paixão.
Escorrega, escapa, se mostra.
Bonito, leve, colorido, provocando
risos,gritos,cochichos e perturbação.
Soltou-se da boca que o prendia num suspiro prolongado,
Não sei se de alivio ou tensão.
Sentimento confinado,voa.
Para, recua, esbarra, flutua,
ao sabor do vento, no espaço aberto.
Pareço uma bolha de sabão.
Talvez, quem sabe, um pouco mais de espuma
a faça mais resistente e assim pode ser
Que agüente um sopro mais insistente.
Pela passagem apertada, sopro.
Uma frágil esperança de sobreviver.
Luta. Luto. Procura. Procuro.
Cansa. Canso. Estoura. Estouro.
No fim de uma o começo de uma porção.
Frágeis, coloridas. Parece vida cheia de ilusão.
É vida, numa pequena explosão.
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