Pinacoteca

Luciana Carrero

O salão da alma abriga quadros

alinhados em sequências verticais

nas paredes desta casa amarelada

onde habitam os meus ancestrais

Acondicionados em molduras, olham

estáticos e distantes, o recinto frio

E de tanto vê-los gélidos, exaustos

percorre-me a morada, um arrepio

Abro os olhos e vejo o mundo vivo

Fecho-os e encontro os mortos meus

Busco aquarelas e todos os matizes

para colorir-lhes nos olhares seus

mirar bem fundo os olhos redivivos

fechar a alma e lhes dizer adeus!