Do Ciúme - II
Achei, no chão pedregoso da minha tristeza
uma flor, que tinha sorrisos em seu perfume...
que escorreu, dentro de mim, feito correnteza
lavando das pedras, o limo de azedume.
A escuridão do meu olhar, se viu acesa
por um frágil e incendiário vaga-lume
que acendeu a fogueira da delicadeza
e, na fumaça, subi a paz até o cume.
As borboletas me afirmaram, com certeza
que toda dor é, na verdade, um bom estrume...
um adubo que enriquece quem o assume...
quem reconhece, no seu chão, a dura pobreza
E o beija-flor...ah, esse sábio da natureza
disse : "seu espinho do amor é o ciúme".
09-05-2014